sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Recall de "A Tribo"


As páginas abaixo são da história "A Tribo", escrita e ilustrada por mim para a 5ª edição do ELF, primeira com o novo nome (antigamente se chamava El Fanzine, lembram?). A primeira página aí abaixo, com o título, é a versão correta - a que está no gibi é a errada, publicada apressadamente para que desse tempo de o gibi sair para a Comic Con Experiente. Esse post portanto vale como um "recall" de montadora de automóveis. Atenção, você que comprou o gibi, dê uma olhada na página aqui pra ver a versão correta.








quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Tumbling Dice

Agora eu tenho um Tumblr. Achei mais fácil reunir desenhos ali como "mostruário" do que usar o blog como referência, já que aqui tem muito mais poluição. Lá o interessado vai direto ao assunto. Dá uma olhada lá e sigam-me os bons que também estiverem nessa rede ai. Alea jacta est.

terça-feira, 23 de junho de 2015

No caminho do rato


Capa e algumas páginas internas da revista Camiño di Rato 8 1/2, que traz a história Baghavad, com roteiro de Gian Danton e ilustrada por mim.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Mais historietas

Mais algumas historinhas publicadas na sessão Historieta de Quinta do El Fanzine, todas as quintas-feiras, em ordem aleatória:







terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

TEXTÃO DE FACEBOOK


Estamos imersos em mistério e não nos damos conta dele. O mistério perpassa tudo, está ao nosso redor. Nós o atravessamos como peixes que não se dão conta de estar submersos, porque afinal, nasceram sob a água. Algumas vezes temos um vislumbre desse mistério, da grande beleza que se esconde no mundo e nas coisas; percebemos sua presença e a realidade ao redor se transfigura. Nunca (pelo menos acho que nunca, talvez um gênio consiga) chegamos a compreender e apreender a totalidade desse mistério, só enxergamos fragmentos, cacos de um mosaico construído por algo muito maior do que nós. Mesmo quando isso nos faz sentir minúsculos diante do universo, ainda assim não nos esmaga, ao contrário: nos deslumbra, porque sentimos ali, mesmo sem compreender totalmente, o proposito da criação.

Por isso os clássicos, obras criadas há séculos, ainda nos falam do mesmo mistério. Porque o mistério é o mesmo. Há situações e coisas na vida que nos permitem construir pontes entre o cotidiano e esses vislumbres escassos - um amor, o prazer, as amizades, a arte. Das artes, talvez a música faça a ligação mais direta com o mistério, uma espécie de escada rolante. Pra mim, a literatura também tem esse poder, e às vezes os quadrinhos.

Não tenho talento genuíno pra nada, escrevo mal demais pra ser escritor e desenho mal demais pra ser artista plástico - mas engano o suficiente nos dois pra arriscar algumas histórias em quadrinhos. Elas são menos ambiciosas do que eu gostaria e tentaria fazer se tivesse começado cedo, com mais tempo. Porque a arte - a grande arte, principalmente, mas até a boa arte, simplesmente - precisa resvalar no mistério, no sagrado. Mesmo que o autor não saiba ou despreze essas idéias, é preciso ser tocado por elas para criar alguma coisa que dure, que fale a um estranho como se falasse diretamente a ele e só a ele. Mas para isso é preciso criar sem ódio ou a necessidade de dar um "tapa na cara da sociedade", criar sem tentar afetar um arzinho rebelde, sem seguir nenhuma modinha, criar porque é preciso explorar honestamente o mistério do mundo e da vida. Metade do que se faz hoje é negar o mistério, abraçar soluções sarcásticas e espertinhas, numa afetação hipster de quem acaba de ser desmamado e já quer arrancar o bico do seio materno na dentada.

Em vez de buscar essa comunhão com o eterno, por mais pretensiosa que pareça esta ambição, os quadrinhistas brasileiros (com raras exceções) optam por abraçar o perfil "engraçadinho-espertinho-descolado-hipster-irônico-despachado-nem aí-largadão-militante-contestador de esquerda (contestador a favor da ideologia dominante/hegemônica, como pode?)". Investem na precariedade e no amadorismo como ferramentas de autopromoção e marketing pessoal, em vez de seguir o caminho do profissionalismo e de uma arte mais original e séria no sentido de comprometida com verdades universais, eternas e incômodas ou com um impulso criativo honesto e visceral, que ignora as posturas artificiais e os agrados aos patronos da mediocridade.

Em algum ponto do século 20 tornou-se cool assumir uma postura blasé contra tudo isso, negar cinicamente a existência de verdades essenciais em favor do relativismo moral, da militância politicamente correta e da "gambiarra is beautiful", e desde então a humanidade caminha mancando. Fazemos por menos e nos vendemos baratinho por uma popularidade que parece não chegar nunca na medida esperada.

Nada pode parar a "chopada descolada de barzinho de intelectual universitário progressista de esquerda" que virou a cultura mundial. E, desse jeito, nada pode nos tirar do poço sem fundo da banalidade. Isso vale para tudo, todas as artes, mídias e veículos - até o El Fanzine, que ajudei a fundar, às vezes escorrega nisso aí, nessa postura "adolescentão fanzineiro nem aí pro leitor ou pra lógica editorial".

E depois ninguém sabe porque nada aqui dá certo; não é culpa do governo, do mercado, das editoras, de ninguém além de nós mesmos. Somos um povo cultural e intelectualmente inferior, e é preciso aceitar essa realidade para que possamos enfrentá-la. Enquanto continuarmos fingindo não enxergar o óbvio, continuaremos sendo vítimas dele, vitimas de circunstâncias cujo surgimento foi autorizado e facilitado por nós mesmos.

Mas é claro que...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PAREM DE USAR NERD E GEEK

Serge Gainsbourg (Je t'Aime, lembram?) lendo gibi


Jerry Lewis, o cara que todo mundo imitou depois, lendo gibi













Como já disse antes, não gosto de eventos de quadrinhos. Qualquer coisa voltada para quadrinhos, porém, torna-se sempre pior devido à mania grotesca de associá-la a termos como 'nerd' e 'geek' - NerdCast, NerdCon, Homem Nerd, enfim, tudo gente que carece de um bem aplicado chute na bunda.

O ator Kevin Spacey lendo gibi


Joe Strummer, da banda The Clash, lendo gibi do Conan












Quem aceita e corrobora a associação entre quadrinhos e nerds é um estúpido que aceitou a redução de toda uma linguagem, de um meio de contar uma história, como a literatura ou o cinema ou o teatro, a um subgênero específico, a um gueto sociossexual subalterno, degenerado e aviltante, um comportamento obrigatório que reduz o leitor ao papel de um bobalhão imaturo e virgem alienado da realidade, um colecionador de bonecos articulados que se masturba com mangás.


A modelo Alessandra Ambrósio lendo gibi
(quer conhecer minha coleção...gata?)

John Wayne, "The Duke", lendo
Príncipe Valente com os bacurinhos



Eu pergunto: você aí, que está lendo por acaso esse desabafo e provavelmente também lê quadrinhos (imagino que sim, ou não estaria aqui), sente-se representado por esses estereótipos citados aí acima? Sua vida intelectual, social e sexual se limita a isso? Sei que há gente assim, mas conheço pessoas que lêem ou leram quadrinhos e não sofreram nenhum dano cerebral duradouro.


O guitarrista da banda Ramones,
Johnny Ramone, lendo gibi

O guitarrista do REM, Peter Buck, quando ainda trabalhava de
vendedor em uma 'comic shop' antes de se dar bem com a banda















As novelas de TV, por exemplo, são muito mais nocivas e medíocres, mas são levadas a sério pela imprensa e por parte do público como verdadeiras obras de arte. Se alguém é cinéfilo não é tratado dessa forma, por que motivo? Cinema, hoje em dia, é em média muito mais superficial e infantil do que os quadrinhos.



Snoop Dog lendo gibi do Naruto: por essa,
então, você não esperava nem fodendo!
Humphrey Bogart, o padrinho do 'cool',
lendo gibi: por essa você não esperava

















Várias celebridades cultuadas ou ao menos toleradas (as imagens que ilustram esse post provam isso) liam ou leem quadrinhos e foram capazes de entender seu valor como arte narrativa. No entanto, nenhuma gota de seu prestígio respingou nos quadrinhos, que carregam ainda o estigma de 'passatempo de bundão'. Você gosta de ter seu nome associado a termos como nerd e geek, a gente incapaz de ter alguma relação sexual consensual sem a necessidade de pagamento pelo serviço?


Elvis, The Pelvis, o rei do rock, lendo gibi

Don King, o "Eurico Pilantra" do boxe, e Cassius Clay/
Muhammad Ali lendo Superman X Muhammad Ali (li a
edição brasileira, publicada pela Ebal! Como estou velho.)















Minha teoria de estimação é que parte do fracasso comercial dos quadrinhos se deve à armadilha criada pela associação automática entre quadrinhos e essa subcultura doente dos nerds e geeks, que as editoras, sites especializados e promotores de eventos parecem cultivar como garantia de faturamento mínimo, de atendimento a um público já formado.


Madonna beijando edição do gibi do Doutor Estranho
Jimi Hendrix lendo gibi no salão














Isso não explica sozinho o fracasso atual das vendas de gibis, claro. Atribuo o fracasso a isso e uma combinação entre roteiros ruins, interligações cronológicas excessivas que extinguiram a boa e velha edição 'one shot', ao apego excessivo aos chamarizes comerciais baratos e à proteção às marcas registradas, mas isso é outra história, fica pra outro post (cobrem de mim um post explicando o boom dos quadrinhos nos anos 1990 e seu fracasso subsequente, tenho uma teoria boa sobre isso).


Janis Joplin - que teve capa de disco
ilustrada por Robert Crumb - lendo gibi

James Brown, The Godfather of Soul, The Hardest Working
Man in America, lendo gibi de lobisomem no Zaire
(atual República Democrática do Congo)





Imagino aqui o que Jack Kirby faria se um desses garotos com seios que abraçam estes termos se dirigisse a ele como 'nerd' ou 'geek' só porque ele era quadrinhista. Talvez o velho apagasse um charuto mata-rato no olho do zé ruela.



Linda e Paul McCartney batendo papo com Jack Kirby
Chuck Norris garotão e Jack Kirby














EXCELSIOR!


Sid Vicious, dos Sex Pistols, lendo gibi

Ringo Starr lendo um gibizinho











Nicolas Cage, colecionador,lendo
gibi do Luke Cage, cujo nome adotou
O diretor de cinema Nicholas Ray lendo gibi